Parece surreal que depois de todos esses anos, essa tenha sido a única dor que não diminuiu. A cada retorno é o inferno que queima dentro de mim.
Só minha sagrada mãe sabe quantas vezes eu cometi "suicídio" por você, quantas vezes eu não me dopei, não me droguei e embebedei só pra não pensar em ti. Só os deuses sabem o quanto eu me destruí e o quão mais doloroso era não conseguir te desejar sequer uma gota de mal, não conseguir desejar que a tua vida fosse um esgoto como eu transformei a minha por ti, te imaginando sempre feliz e sorridente enquanto com vermes eu me arrastava pelas sarjetas daquela capital.
Eu já havia me decidido que essa seria a última vez, mas não havia me dado conta ainda de que eu teria de ser realista e muito mais do que isso, corajosa, a ponto de enfrentar meus próprios sentimentos e supera-los, para que você possa ser lembrado por mim, como minha avó pensa hoje em meu avô "Eu era completamente apaixonada por ele, e hoje, ele não é ninguém pra mim"
E você tem razão, eu sou uma criatura lisérgica mesmo, irremediavelmente romântica e esperançosa, mas eu aprendo...
Tudo o que relato aqui hoje, é por saber dos meus gaps de memória, dessa vez, ainda que eu me esqueça, vou poder voltar aqui e compreender o pq eu tomei a decisão (tardia) de deixar você pra trás
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