É bem específico, um cheiro de "vó", da casa onde fui ensinada o que era amor e o que era ser tratada com respeito (para uma criança). Um dos aromas que eu sempre amei, não existe absolutamente nada igual no mundo, mesmo qualquer outra flor não se compara a ela.
A dama da noite, junto a alfazema e a naftalina formam o combo perfeito em minhas memórias. Eu adorava abrir o guarda-roupa dela e sentir aquele "tapa" que a naftalina te acerta no nariz. Adorava abrir a porta ao lado e abrir o frasco de alfazema pra sentir o aroma. Não me recordo se eu usava, talvez as vezes, mas a intenção era a de sempre sentir o cheiro. São aromas únicos, não existe nada no mundo igual para mim.
Esse cheiro já não existe mais na antiga casa de minha avó, não sobraram árvores. Creio que hoje, de tantas outras, só sobrou a jaqueira. A gente tinha todo tipo de frutas em nosso quintal. Costumava catar as amorinhas que caiam no chão de maduras para comer, para brincar...
Quem me salvou foi o amor que minha avó me deu, foi o cuidado que ela teve comigo. Por isso, todo o abuso que eu sofri, eu jamais confundi com amor, dentro de mim a sensação de que havia algo errado era sempre muito forte.
Quem me salvou mesmo sem saber foi minha querida avó.
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