terça-feira, 26 de dezembro de 2023

As vezes

 As vezes eu queria viver em uma cidade pequena, queria entrar em mercados com prateleiras baixas e mal iluminado, com o chão de cimento queimado.

As vezes eu queria ser só uma pacata cidadã de um fim de mundo qualquer, lutando por um emprego na loja da esquina, ou no centro pequeno. Queria até lidar com o barro de bairros esquecidos e esburacados, chegar em casa não só com o pé, mas também com o cabelo molhado. Descer do ônibus direto em uma poça, e xingar aos céus, santos e deuses e pedir desculpa logo depois, pois eu ainda sou uma menina obediente (a quem me honra).

As vezes ainda quero, mais frequentemente do que admito, pois sinto medo, dos seus rompantes e explosões de ódio e pelo hábito (julgo eu) de me tratar mal desde aqueles anos atrás.

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