quarta-feira, 5 de abril de 2023

Eu odeio meus sonhos...

Foto da lua que tirei em 2018 com uma Nikon



Quero falar sobre os meus sonhos e do quanto eu os detesto.
Fazem anos que meus sonhos são lúcidos, anos em que não noto nem um pingo de imaginação, nem um pingo de "cor".
Todos eles se parecem muito com pensamentos que eu poderia ter durante o dia, são sonhos sobre minha vida cotidiana, sobre coisas que eu conseguiria fazer em qualquer dia comum, onde eu, sou sempre eu... 
Meus sonhos são geralmente sobre coisas que pensei durante o dia, pessoas que me recordei e por aí vai.

Mas, meus pesadelos, meus pesadelos eu os amo.
Tenho com certa frequência paralisias do sono, onde sempre acordo com um "demônio" me machucando, ou profetizando situações da minha vida.

A última paralisia do sono que tive, eu estava em um bosque, conversando com uma bruxa. Recordo-me que a paisagem era muito bonita, bem verde, do meu tom favorito, com a luz do sol não dourada, como de costume, mas sim prateada. Não os vi, mas senti que haviam animais silvestres por ali. A atmosfera era extremamente encantadora, do tipo que eu me pego sonhando acordada as vezes, deitada na relva, sentindo a umidade do orvalho em minhas costas, feliz, tranquila e o principal, segura...
Lembro-me de ter feito uma pergunta, uma que não me recordo qual, mas era importante, já da resposta eu me lembro, "Depende se for a pessoa certa".
Enquanto eu recebia a resposta o bosque ia sumindo, ficando para trás, dando lugar a penumbra do meu quarto, onde notei que eu estava deitada e que a meus pés, a mesma bruxa pressionava suas longas e pontiagudas unhas contra os polegares dos meus pés e as forçava cada vez mais contra minha carne.
Sua aparência estava desfigurada, suas roupas puídas e poeirentas, os dentes antes, brancos e brilhantes como jóias, agora amarelos e pontiagudos, seus cabelos haviam caído... Com a resposta da pergunta que eu fiz, ecoando em minha mente, eu finalmente consegui me mexer.

Acordei arfando, desesperada, como quem está se afogando e percebe que estava no raso o tempo todo, o mesmo movimento, a mesma sensação e o pavor se espalhando para as extremidades do meu corpo e se dissipando como névoa.

Foi absurdamente fantástico, o horror, o desespero, a perda total da autonomia do meu próprio corpo, vulnerável sobre meu próprio eu.

Meus pesadelos são meus filmes de terror favoritos. Ainda que  acorde gritando, como acontece frequentemente, eles são os "filmes" de terror que minha mente cria especialmente para mim, e esse, dentre todos os meus motivos para odiá-la, é o meu maior motivo para amá-la.

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