sexta-feira, 5 de abril de 2024

Lembranças

 Talvez já até exista um post com esse nome, eu nunca fui boa com títulos...

Essa semana agora, voltando do trabalho, eu senti o cheiro que eu costumava sentir em casa, o cheiro que eu sabia que era do meu pai, o cheiro que eu sentia assim que abria a porta de casa, que eu sabia que eles estava bêbado. Eu sabia também que ele só pararia depois de um mês, um mês e meio... Foram tantos abandonos, mas também eram meses de alívio, vê? Ele era um homem cruel quando sóbrio, impiedoso, maldoso, pernicioso, mas quando ele bebia eu sabia que eu não iria ser espancada, sabia que não seria humilhada, não seria o bode espiatório daquela dinâmica vil.

No momento em que eu senti aquele cheiro, eu senti alívio e então veio a vontade de chorar, chorar por associar um aroma tão destrutivo com algo bom, algo que destrói tantas famílias e indivíduos com a sensação de que eu iria ficar bem.

Ontem eu senti cheiro de damas da noite...

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